domingo, 28 de outubro de 2018

Como viver a Reforma? Uma reflexão encomendada

Uma amiga perguntou-me que serviços gostaria de usufruir quando me reformasse. Pergunta curiosa, tanto mais que , raramente adultos jovens se preocupam com o bem estar dos seniores que deles cuidaram , desde que nasceram até conseguirem seguir a sua vida , sem o apoio material dos pais.

Mas esta questão ficará para outra reflexão.

Já estou reformada há uns anos e devo confessar que sei bem avaliar estes anos,vividos fora da profissão que me preenchia todos os minutos da vida, mesmo quando procurava deixar a escola fora desse mundo.

Até em férias, havia sempre alguma coisa que me levava a imaginar novas estratégias de motivação e aprendizagem, geralmente, pensando naqueles alunos menos interessados em aprender o que quer que fosse.

 Nunca fui uma dona de casa exemplar. Ficar em casa, como boa esposa e boa mãe, fosse lá isso o que fosse, com lidas domésticas sempre iguais e repetitivas, deixou- me sempre demasiado perturbada. Sempre gostei do ar livre e do convívio social e de observar a vida e de observar o mundo e de reflectir, tendo sempre em mente o que eu poderia fazer ...

 Nunca imaginei como seriam os meus tempos de reforma, a não ser a certeza de que queria viajar muito, escrever quando e como me apetecesse, fotografar o mundo e as pessoas , ignorando paulatinamente as tarefas diárias com que devia ter de contar.

Por tudo isto, foi um desafio para mim, reflectir sobre que serviços , que tipo de ajudas seriam necessários para esses anos que todos temos de enfrentar , já que cada dia da nossa vida, desde o momento em que nascemos, estamos caminhando dia a dia, mês a mês, ano a ano para a velhice e para a morte, única certeza da humanidade.

Na realidade, ,considero que cada pessoa imagina os últimos anos de vida à sua maneira, com mais ou menos facilidades mas ,sobretudo , de acordo com a sua vivência ,com as suas disponibilidades materiais e , acima de tudo, com as relações familiares e sociais.

 Alguém que saiba não poder contar com a família directa terá necessariamente de encontrar apoios de outra ordem, nomeadamente, alguém a quem possa recorrer a qualquer momento do dia ou da noite, desde uma pequena gripe até à vontade de conversar ou de companhia para um café , uma visita ao museu ou uma ajuda para ir às compras...

 Não me importaria nada de ter quem fizesse todo o trabalho de casa, desde que não me privasse da liberdade de estar só, quando me apetecesse.

 Falar de solidão é falar de quem não tem ninguém com quem conversar, é falar de quem não sabe estar só consigo mesmo e parece vivenciar cada dia como um tormento.

Viver só não significa solidão. Significa, apenas, que precisa de alguém que a ajude (ou faça) as tarefas domésticas, nas idas ao médico ou farmácia, nos cuidados de alimentação e respectiva confecção, conforme as incapacidades ou vontade de cada um.

 Saber que algures há alguém capaz de prestar essa ajuda é importante mas não pode ser um serviço impessoal... toda e qualquer tipo de ajuda implica factores emocionais, afectivos, não resolúveis com qualquer tipo de tecnologia. Esta pode ajudar se uma relação presencial tiver sido previamente estabelecida.

 E passear? Demasiado importante para ser esquecido, quer se trate de uma pequena volta no jardim, nas ruas da cidade, no centro comercial ou de uma viagem mais ou menos longa, mais ou menos cara mas que,muitas vezes, não se faz " por não se gostar de ir sozinha ".

Tantas as mulheres e homens que partem , sem que o sonho de uma viagem, às vezes bem simples, se tenha concretizado.! E muitas vezes nem sequer o sabemos, porque nunca o disseram , outras vezes porque ajudaram quem hoje os ignora , outras porque... porque... As causas são inúmeras e variadas...

Uma certeza tenho, no entanto... " ninguém sente falta do que não conhece". O que implica que haja sempre quem dê a conhecer novas coisas, a incitar a novas experiências, a promover novas relações quer a nível social , quer mesmo a nível de aprendizagem.

Até partirmos, estamos sempre aprendendo e , até, só na hora de partir aprendemos o que é a partir para sempre.

Estabelecer relações de confiança é fundamental em qualquer tipo de ajuda que queiramos dar ou receber. " Se não for com a cara dele ou dela" , não há serviço para ninguém, quase me atrevia a afirmar, que valha a pena...

Uma ideia interessante seria uma plataforma, tipo "Über" com capacidade de ofertas de serviços ocasionais, mais concretamente de entrega de produtos em casa, sejam de supermercado ou de farmácias e eventualmente apoio complementar noutro tipo de ajudas específicas.

Outra coisa que pessoalmente me agradaria seria a existência de um espaço, preferencialmente num enquadramento paisagístico agradável, ( junto de água, mar ou rio seria o ideal), onde pudesse usufruir de companhia, quando desejasse, e onde poderia passar muito do meu tempo entregue às minhas actividades preferidas, com pequena oferta de refeições leves.

Tal como um espaço que despertasse nos mais renitentes à vontade de sair do casulo, em que transformam as suas casas, para a vida que vive lá fora...

Este espaço seria uma espécie de Clube, onde o bem estar habitaria. Claro que tal espaço implica profissionais com conhecimentos no domínio das Ciências Sociais e Humanas, muito semelhantes às exigíveis aos Docentes, em que as técnicas , por muito perfeitas que sejam e se dominem, só obtêm sucesso se envolvidas na afectividade.

 

 

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Os brasileiros devem estar loucos...

Gosto do Brasil e tenho amigos brasileiros há muitos anos. Talvez , por isso, não  consigo entender, por mais que tente, a vantagem dada a um candidato de extrema-direita, que só de ouvir, causa asco. Uma criatura que defende o racismo, a xenofobia e fala da mulher como se , de gado, se tratasse, para além da homenagem feita  a um coronel torturador de brasileiros durante a ditadura militar, não pode ser considerado humano. É uma besta... 

Podem os  Brasileiros estar desiludidos com o PT, é possível , mas agora trata-se de escolher entre a democracia e a ditatura " consentida" , tal como os Alemães elegeram Hitler e os Americanos deram o seu voto a Trump, um incendiário que não descansará, enquanto não puser o mundo a ferro e fogo.

Tudo indica que as religiões evangélicas, muitas delas enriquecidas à custa do Povo, apoiam este energúmeno!  Pobres crentes que não optam com base na análise do que é melhor para o País, mas sim nas palavras de quem , apenas , está interessado no enriquecimento de alguns...

E vai ser o Povo Brasileiro a sofrer , na pele, o autoritarismo e a força de quem não olha a meios para atingir os fins. Só me resta pensar que devem estar loucos! Ou que não sabem interpretar a História! 

Como diria qualquer cristão lúcido e coerente com a doutrina  , "que a Santa os ilumine, já que o Pai deve ter ido de férias"... e para bem longe, tão longe que retirou o raciocínio a tanta gente que tem sofrido muito ao longo dos anos...