terça-feira, 22 de abril de 2014

Onde estás, Pai?

19 de Março , dia do Pai.. As datas podem não significar nada , mas perturbam o nosso estar , muitas vezes.
Hoje, acordei com uma saudade enorme enchendo- me o coração... saudade do meu Pai.
À medida que o tempo vai passando, recordações da minha infância e das palavras que sempre escutei proferidas por ele , vão tomando conta da minha mente.
E hoje compreendo-as melhor que nessa época . Há valores que me integraram de tal modo e que sempre o vi praticando , que ainda hoje, me perseguem e dos quais não consigo prescindir. Nem quero , nem sou capaz.
Segundo a minha Mãe, uma conciliadora nata, que resolvia todos os problemas , fingindo que nada se passara, ele era teimoso e eu " saía a ele ", comparação que não me agradava nada, pois recusava-me a ser teimosa.
Hoje, constato que essa teimosia também me pertence . Não sou capaz de fingir o que não sinto. Mesmo que tentasse, os meus olhos denunciar-me-iam .
Quantas vezes, em jantares de familia, o vi refugiado em poucas palavras para não perturbar a " boa disposição” , algumas vezes , fingida , que reinava e que a mnha mãe ignorava, por sobrepôr a emoção à razāo. E a minha mãe era chamada de "santa” tia, "santa” irmã, "santa” vizinha.
A frontalidade dele nem sempre era entendida .
A preocupação por um mundo mais justo era uma constante na sua vida.
Recordo as idas dele até à Covilhã para acompanhar os comicios da Oposição ao regime de Salazar e os medos da mãe , que manifestava em palavras nem sempre agradáveis , ignoradas por ele " oh mulher, não te enerves , que não vale a pena "
E coninuava , com precaução, o seu apoio
ao General Humberto Delgado , porque "esta vida não pode ser só para alguns ".
Eu tinha de estudar porque só assim podia
ser independente ... "Não quero que as minhas filhas dependam de um homem para viver " - palavras que me seguiram toda a vida, embora sempre tenha admirado a contradição dele , que não permitira que a minha mãe trabalhasse fora de casa . Hoje, não sei se , afinal, esse não era o real desejo da minha mãe, que tanto gostava de estar em casa . "Quem me tira a minha casinha, tira- me tudo” e dada a minha propensão em procurar espaços fora , costumava dizer " a minha filha. é como o pai. Tem medo que a casa lhe caia em cima "
Hoje, Dia do Pai, compreendo bem melhor o que não entendia , há muitos anos . Assim é a Vida , vamos sempre aprendendo .
Onde quer que estejas , Obrigado , Pai pelo que aprendi contigo .!

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