sexta-feira, 10 de agosto de 2018

E Portugal ardeu de novo...

E de novo, as chamas acordaram e encheram o Algarve Serrano com uma onde de destruição. Casas, animais, árvores centenárias, pomares  tudo foi devorado pelas labaredas vermelhas que o vento e o calor ajudavam a alastrar. Não morreram pessoas, felizmente, apesar da teimosia de alguns que se recusavam a sair da sua casa. Os bombeiros desdobraram-se até à exaustão. A GNR percorreu as serras procurando salvar pessoas. Parece que nem sempre de modo muito afável, mas quem pode acusar homens e mulheres , extenuados por quilómetros percorridos,por assistir a uma destruição  inenarrável , por casas visitadas , habitadas por renitentes à saída e sua protecção, de um pouco menos de afabilidade naquelas circunstâncias?
 Quem nunca errou, que atire a primeira pedra...
As críticas sucederam-se , como de costume, num país cheio de gente sempre pronto a culpar os outros por atitudes e comportamentos que eles próprios não têm nem procuram ter. 
Estes acontecimentos tristes são comentados  até à exaustão, como se de jogos de futebol se tratassem. Abundam especialistas e comentadores . Repetem-se  uns aos outros. Os argumentos utilizados só variam, de acordo com a opção partidária de cada um, simulando todos uma objectividade inexistente , enquanto vão alimentando o voyeurismo de muitos e as queixas dos habitantes sofredores, incapazes de analisar a situação com racionalidade.
Vi homens e mulheres cansados , procurando acorrer a todas as emergências, dando prioridade absoluta  ao salvamento de pessoas. O facto de o maior número de feridos pertencer ao corpo dos Bombeiros e Protecção Civil é elucidativo desse esforço. Mas  há sempre quem goste de denegrir o trabalho que não é seu. Foi deprimente assistir ao modo como o Presidente da Associação de Bombeiros Profissionais se referiu à estratégia adoptada pelos responsáveis da operação em curso.As palavras proferidas assumiam um tom de arrogância e de desrespeito pelo trabalho dos colegas que  francamente , me enojou. Não sei como dizer isto de modo elegante!
Finalmente, os Fogos foram extintos. Ventos e temperaturas altas hão de voltar. A serra algarvia já ardeu, como em 2003. A reconstrução vai começar. Muitas lágrimas ainda vão cair dos olhos de quem tudo perdeu ou viu destruídas as suas coisas. Muitos serão ainda os comentários na televisão proferidos por quem nunca enfrentou tal situação mas não se coibirá de dizer o que devia ser feito. Acredito que nenhum daqueles combatentes dos fogos  não tenha feito tudo, mas tudo o que estava ao seu alcance para impedir que as chamas se propagassem. São dignos do  nossso respeito. Problemas? Claro que houve e haverá sempre que uma catástrofe surge e as decisões tiverem de ser tomadas no momento. Mas decidir estratégias num gabinete ou num estúdio de televisão, depois de a catástrofe ter acontecido, de surpresa,  não é o mesmo que planificar estratégias no meio de terras incendiadas, com ventos que só a Natureza comanda, com pessoas, muitas já idosas, sofrendo a dor da perda , com um aumento de temperatura rápido .Haverám  sempre um homem louco que gosta de ver o fogo, haverá sempre ventos que sopram em contraciclo.Que os homens possam vencer estas adversidades e que lições sejam tiradas de erros cometidos por quem lutou os fogos , em clima de serenidade , no recato das instituições responsáveis. 
Pela minha parte, confio nos Bombeiros  e seguramente que serão eles os principais interessados em que os fogos durem o menos possível.


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